Foto de capa: Xinhua
O Tai Chi Chuan foi finalmente aceito na Lista Representativa do Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade da UNESCO. A divulgação da classificação foi feita no dia 17 de dezembro de 2020. A arte marcial de 400 anos é o principal dos estilos internos do kung fu – seus movimentos suaves contém aplicações de combate e técnicas de luta, mas é mais famosa hoje como um modo de bem-estar e cultivo interno.

A conquista do Tai Chi Chuan chega 12 anos após ter seu pedido de registro rejeitado pela UNESCO. Em 2008, a entidade avaliou que a China havia submetido muitos pedidos de análise da arte marcial como patrimônio imaterial. Desde então, os chineses conseguiram obter várias colocações na lista, como o teatro de sombras e uso de ábaco. Entretanto, o Tai Chi Chuan será a maior adição cultural até agora, com mais de 100 milhões de praticantes em todo o mundo, representando uma “obra-prima do gênio criativo humano”.
A história do Tai Chi Chuan – ou taiji quan – possui sua versão lendária e também a historicamente comprovada, e ambas as versões são repassadas pelos mestres da arte marcial a seus aprendizes. A versão das lendas é protagonizada por um monge taoista chamado Chang San Feng, que entendeu os princípios do Tai Chi Chuan em uma luta feroz entre um grou e uma serpente, da qual o pássaro levou a melhor. Neste episódio estavam representados princípios-base do taoísmo, como os conceitos do Yin e Yang, do repouso, movimento e mutação, da inspiração e expiração sincronizadas com o movimento.

A versão histórica reconhece o general chinês Chen Wangting como seu criador. Após a queda da Dinastia Ming, o general voltou para sua cidade natal, Chenjiagou. Lá, desenvolveu o estilo Chen de Tai Chi Chuan. Seu trabalho consolidou e sistematizou várias práticas comuns na China desde tempos ancestrais, entre eles os estilos marciais do general Qi Jiguang (1528-1588), autor do “Jixiao Xinshu” – tratado com 32 técnicas ilustradas e a síntese de 16 estilos marciais do fim da dinastia Ming.

A prática do Tai Chi Chuan estimula tanto a parte física quanto mental. Entre seus benefícios estão o aumento da vitalidade e da disposição, o fortalecimento dos músculos, a melhora do equilíbrio, o aumento da concentração, a diminuição da tensão muscular, a melhora da flexibilidade das articulações, o alívio do estresse, e o estímulo do sistema nervoso e imunológico. O Tai Chi Chuan é uma das artes marciais mais simples e fáceis de fazer, podendo ser praticada por qualquer pessoa, em qualquer idade, sendo inclusive muito indicada para idosos.